20131004

Das terras altas.

Era uma vez um jovem magnata russo com seus pouco mais de 30 anos de idade que pretende revolucionar o modo de vida e as questões sociais/filosóficas do homem moderno, como outrora fizeram Arthur C. Clarke e Isaac Asimov em sua literatura sci-fi. Partindo da máxima de que “a vida imita a arte”, Dmitry é fundador da iniciativa 2045, a qual busca a imortalidade humana através de quatro metas tecnológicas, denominadas Avatares, nome que cai com uma luva ao significado da empreitada.
O estágio definido como Avatar A, datado ao intervalo 2015 – 2020, será constituído por andróides controlados a distância por uma interface computacional que funcionará como seu cérebro, sua central de comando. Segundo a iniciativa, tal etapa contribuiria para a sociedade com a possibilidade de auxiliar em trabalhos de alta periculosidade, eliminando riscos humanos. Componentes deste andróide também poderão ser utilizados na medicina de reabilitação, trazendo inovações e alternativas para o mundo das próteses.
O Avatar B (2020 – 2025) consiste na criação de um sistema de suporte a vida autônomo, capaz de ser ligado a um cérebro humano. A separação definitiva da mente e corpo proporcionará a continuidade da vida de um cérebro intacto em um corpo robótico; praticamente um Krang do mundo real (sim, aquele das Tartarugas Ninja, lembra?).
O terceiro estágio, Avatar C (2030 – 2035) consiste na criação de um modelo artificial da mente e consciência humana. As revoluções proporcionadas por esta etapa estariam ligadas a possibilidade de se transferir uma consciência única, singular, para um meio artificial. Pode chamar o William Gibson, que esse é o nosso Dixie Flatline do mundo moderno (do livro Neuromancer, 1984)!!!
E finalmente chegamos a 2045, o marco definitivo desta empreitada futurista. O Avatar D consiste na liberdade plena da consciência humana, representada na forma holográfica ou assumindo os corpos que bem quiserem (ou puderem pagar). Logicamente as conseqüências destes avanços vão muito além da tecnologia, gerando um halo de influência que vai da medicina a filosofia, das questões ambientais aos direitos humanos (e robóticos, por que não?).
Mas neste momento você deve estar pensando: “Isso é pura especulação, pura utopia, pura ficção científica de um magnata com muitos 50 bilhões de dólares para gastar”; e é compreensível, tranquilamente. Por outro lado, existem dois pontos que colaboram para a credibilidade da iniciativa. O primeiro é que existem muitas pessoas interessadas nesta tecnologia, não faltará capital para financiar o projeto, visto que o sonho da imortalidade abrange o sonho de todos (principalmente daqueles que tem muitos mi/bi/trilhões para serem gastos).
O segundo, e mais importante, está condicionado pelo corpo técnico que apóia a iniciativa. Nele constam especialistas de diversas áreas do conhecimento, da robótica a filosofia, passando por líderes espirituais e geneticistas. Entre eles podemos citar o Dr. Hiroshi Ishiguro, famoso por seus estudos relacionados a robóticas e as interações humanas, só para ser um exemplo.
Mais um importante passo foi dado por Dmitry e seus consultores no dia 11 de março de 2013: a publicação de uma carta aberta destinada ao Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon.
Caso tenha ficado curioso com o desenrolar da história e estiver de bobeira, nos próximos dias 15 e 16 de Junho acontecerá em Nova York, no Lincoln Center, o congresso internacional Global Future 2045, onde boa parte dos envolvidos na iniciativa estará discutindo nossos próximos 30 e poucos anos. Para os demais, como eu, ficamos aguardando os próximos capítulos.