20110814

Inércia.


O frio que congela sua alma não é vindo do lado de fora. O vento que dilacera seu rosto não indica mudança climática. O vazio que preenche sua mente está repleto de medos. A última ópera tocou e você não ouviu sua melodia. O último clássico queimou e você não imaginou seu final. O último peixe saltou e você não viu seus olhos. A última criança chorou e você não soube o porquê. O último ditador assumiu e você fingiu não se importar. O sol eternamente pálido é triste pela sua existência enraizada por espíritos sofredores,que mesmo sem nenhuma  enfermidade não te deixam partir. Não te deixam agir. Não te deixam lutar. Não te deixam existir. Criam-se fantasmas de algo que jamais existiu como argumento para nada mudar. ‘Mude’ diz a voz sombria e triste de uma imensidão monocromática. Um pixel de cor. Um sinal de resistência. Uma guilhotina que solta se torna infinito. E as cores nascerão. As raízes sederão. Os ditadores cairão. Uma árvore petrificada apenas pode esperar pelo sol. Um homem petrificado pode apenas esperar pelo destino. Um homem livre pode construir o seu próprio sol.

Grama.

Ontem andando pelos lados do Jardim das Américas, vi um cidadão cortando grama no jardim do shopping. Aquele baita cheiro de grama cortada subindo (que por sinal acho muito bom), então decidi matar uma dúvida (idiota) com o jardineiro: "Salve, tudo certo? Vou te fazer uma pergunta babaca, tudo bem? Cara, tu corta muita grama né? Todo dia, certo? Você ainda sente prazer sentimento o cheiro da grama?" Ele respondeu: "Sim, sempre, todos os dias". Pensem nisso amigos, pensem nisso.