20110814

Inércia.


O frio que congela sua alma não é vindo do lado de fora. O vento que dilacera seu rosto não indica mudança climática. O vazio que preenche sua mente está repleto de medos. A última ópera tocou e você não ouviu sua melodia. O último clássico queimou e você não imaginou seu final. O último peixe saltou e você não viu seus olhos. A última criança chorou e você não soube o porquê. O último ditador assumiu e você fingiu não se importar. O sol eternamente pálido é triste pela sua existência enraizada por espíritos sofredores,que mesmo sem nenhuma  enfermidade não te deixam partir. Não te deixam agir. Não te deixam lutar. Não te deixam existir. Criam-se fantasmas de algo que jamais existiu como argumento para nada mudar. ‘Mude’ diz a voz sombria e triste de uma imensidão monocromática. Um pixel de cor. Um sinal de resistência. Uma guilhotina que solta se torna infinito. E as cores nascerão. As raízes sederão. Os ditadores cairão. Uma árvore petrificada apenas pode esperar pelo sol. Um homem petrificado pode apenas esperar pelo destino. Um homem livre pode construir o seu próprio sol.

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