20100414

Rock 'n' Torture.


Não é de hoje que ouvimos a respeito do quanto a exposição a sons altos pode acabar danificando nossa audição e mesmo nosso bem estar. Eu, como um amante incondicional de música barulhenta, não tenho como não me interessar por estes aspectos. As variantes do quanto os ruídos podem te causar problemas estão relacionados ao 'volume' e ao tempo de exposição. A partir de 50db, em longos períodos de exposição, já podemos notar dores de cabeça e cansaço, 70db seriam capazes de alterar seus níveis de cortisona e colesterol no sangue e ruídos excessivamente altos podem até mesmo ocasionar infartos. Mas porque será que gostamos de música no máximo? Dizem as más línguas que rolam endorfinas na jogada e a exposição contínua causa dependência! Faz todo sentido! Entretanto, hoje vamos falar de um uso um pouco menos nobre das boas músicas barulhentas, seu uso na tortura! Bem, talvez você já tenha ouvido falar a respeito do uso de música a todo vapor nos ouvidos de presos no campo de detenção norte-americano em Guantânamo como forma de tortura. Localizado na pontinha da ilha cubana, o Guantánamo Bay Detention Camp, no original, é parte integrante da Base Naval da Baía de Guantánamo e ficou famosa nos meios de comunicação por ser utilizada na política anti-terror de Bush e por ser considerada por muitos como a pior prisão do mundo. Em 2008 a mídia trouxe a tona tal uso da música por militares na prisão americana. Artistas como Nine Inch Nails, Pantera, Queen, Rage Against The Machine eram usadas em interrogatórios, expondo os prisioneiros a dezenas de horas interrompidas de música a todo volume. Você pode achar que isso não te afeta, mas sempre lembre que muitos desses prisioneiros jamais escutaram um riff pesado de guitarra ou uma batida eletrônica grave. Como podemos conferir em um relato da BBC em 2003, não só de rock as tortura eram alimentadas, aberturas da Vila Sesamo e do Barney e Seus Amigos também eram constantemente utilizadas. ''They can't take it. If you play it for 24 hours, your brain and body functions start to slide, your train of thought slows down and your will is broken. That's when we come in and talk to them''. Pelo visto não é prática recente tal uso, mas em outubro de 2009 houve a primeira manifestação por parte de artistas como Trent Reznor, Tom Morello e Pearl Jam contra tais atos. Existem relatos que  tais práticas tem sido reportadas desde o final da guerra fria, mas é bem possível que seu uso já tenha sido usado muito anteriormente. Um das primeiras aparições de forma aberta na mídia ocorreu em 1989 quando o então presidente do Panamá Manuel Norriega foi forçado a render-se ao som de hard rock e The Howard Stern Show: "After the war ended, the Allies spent all day and all night flying over our heads, breaking the sound barrier. Just like Panama when they blasted Noriega, holed up in the Vatican Embassy with music. For fifteen days, Bush deafened the poor ambassador and Noriega with hard rock. Our torture went on for months - 20 or 30 times, day or night". Armas que utilizam sons em uma determinada frequência ou em níveis de decibéis acima de níveis aceitáveis para nossa saúde já tem sido desenvolvidas com intuitos militares. Um pequeno exemplo em que pé estamos quanto a tecnologia sonora para estes fins, pode ser conferido nesse pequeno trecho de Future Weapons no Discovery Channel. Bem, eu sempre odiei o Barney e poderia ficar horas dando exemplos de torturas com o maldito dinossauro roxo, mas hoje não estou tão inspirado, então em outro momento, se me encontrar por aí, papeamos a respeito. 

Closer.


Help me
I broke apart my insides
Help me
I've got no soul to sell
Help me
The only thing that works for me
Help me get away from myself

Silêncio.

Há horas em que o silêncio é o melhor companheiro. O problema são as horas em que o silêncio é o único companheiro. No vácuo que preenche minha mente, tento amontoar coisas de forma desesperada para ganhar algum peso, ou isso, ou os ventos de uma  rotina pré-programada para os próximos 3600 segundos me levam para os desertos inférteis escondidos dentro de mim. Lá se passam eles, no longo tilitar dos relógios. E novos logo chegam para a cobertura. Na angústia de curar o silêncio espero um tiro, um tiro de barulho ensurdecedor. Coloco todas as minhas esperanças que este, sem piedade, me deixe surdo ao ponto de não mais enxergar apenas trincheiras devastadas a minha frente e morto, o suficiente, para não me intoxicar pelo gás mostarda matinal. Não sei sua trajetória. Não sei sua frequência. E assim me mantenho na inércia do meu próprio destino, mutável a cada ranger de engrenagens de uma bomba que não para de levar sangue aos meus ouvidos sedentos por algo harmônico. Por enquanto, barulho, muito barulho para lavar a alma e esquecer o que sou, ou era.

20100409

The Warriors.



Can you count, suckers? I say, the future is ours... if you can count! 

Now, look what we have here before us. We got the Saracens sitting next to the Jones Street Boys. We've got the Moonrunners right by the Van Cortlandt Rangers. Nobody is wasting nobody. That... is a miracle. And miracles is the way things ought to be.

Can You Dig It?!

Bip!

Só posso ver um LED piscando acanhadamente no fundo da sala escura. Nem lembro onde estou, só sei que é um grande vazio de 10 x 10m no completo breu. Talvez mais que isso, talvez menos. Não sei. Eu estou em um canto, disso tenho certeza. O LED no extremo oposto. Cadenciado ele pisca. Hipnotizante. Penso em me levantar e ir até ele, mas tenho medo de perder todo o seu valor. Não quero sair da hipnose. Não me pergunte quanto tempo estou aqui. Não pergunte nada, eu não sei. Bip! Um barulhinho simpático rompe o silêncio que flutuam meus pensamentos. Parece vir da parede, se é que isso é uma parede. Bip! Ele ecooa pela escuridão se debatendo na ausência de obstáculos cuidadosamente dispostos com o feng shui do nada. Bip! Afinal, o nada é completo, está em tudo. Merda, cale a boca! Já comecei a viajar. Vamos nos concentrar no... Bip! O LED ainda está lá. Mas meu corpo, ah meu corpo! Deve estar pesando umas vinte toneladas, das quias 19 são minha cabeça. Se eu me levantar, a gravidade me leva ao chão fácil, fácil. Bip! A maldita música e o LED não tem sincronia. Tento, tento, tento, mas não consigo pegar sua lógica. Só sei que logo ele estará novamente a... Bip! Bipar. São ciclos. Verde, verde, verde, verde, verde, verde, verde... Bip! Lá está ele. Não estou sozinho. Fico ansioso pelo seu próximo som. Talvez seja difernete da próxima vez. Ou melhor, talvez eu o escute diferente da próxima vez. Bip! Igual. Ou não, ele nunca parece igual. O som da minha lembrança do último bip sempre parece diferente do momento em que ele explode em meus ouvidos. Ouvidos? Bip! Nem sei se isso são mesmo ouvido, nem sei mesmo se ainda sou humano. Meu tato sente isso, e só. Posso estar me enganando, falsificando minha essência. Eu posso ser uma... Bip! ...ameba agora. Porém minhas lembranças acham que escuto um sonido por meus ouvidos, sinto minhas costas na aresta da parede e meus olhos se mantém estáticos no verdejar microscópico. Bip! Eu deve estar limitado a isso. Perdido em uma aresta temporal do cyberspaço. Numa lacuna do tempo. Me perdido na construção de meu próprio hipercubo mental. Bip! Me perdi do espaço, atravessei a razão e alcancei a insanidade. A única coisa que tenho certeza é de que a luz estará a piscar e o canto a ressonar pelo ar. Aiai! Gasp! Bip! Ufa! Ouch! Tingeling! Uhn?! Bip! Thwack! Wack! Ungh! Ka-boom! Porra! Acho que caí de algum lugar! Ahhhh bacana ein... mais uma daquelas malditas paralisias do sono... Bip!