20100414

Silêncio.

Há horas em que o silêncio é o melhor companheiro. O problema são as horas em que o silêncio é o único companheiro. No vácuo que preenche minha mente, tento amontoar coisas de forma desesperada para ganhar algum peso, ou isso, ou os ventos de uma  rotina pré-programada para os próximos 3600 segundos me levam para os desertos inférteis escondidos dentro de mim. Lá se passam eles, no longo tilitar dos relógios. E novos logo chegam para a cobertura. Na angústia de curar o silêncio espero um tiro, um tiro de barulho ensurdecedor. Coloco todas as minhas esperanças que este, sem piedade, me deixe surdo ao ponto de não mais enxergar apenas trincheiras devastadas a minha frente e morto, o suficiente, para não me intoxicar pelo gás mostarda matinal. Não sei sua trajetória. Não sei sua frequência. E assim me mantenho na inércia do meu próprio destino, mutável a cada ranger de engrenagens de uma bomba que não para de levar sangue aos meus ouvidos sedentos por algo harmônico. Por enquanto, barulho, muito barulho para lavar a alma e esquecer o que sou, ou era.

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