20120314

Rainmaker.

Entre a fumaça escura e espessa logo se via o ultimo olhar do Sol, parecendo apenas iluminar os que lhe fossem de merecer. Porém mesmo sem ser percebido na penumbra se escondeu, sem não deixar muito além de rastros avermelhados de mais um dia comum. As pessoas dirigiam-se para seus lares, eram raras as exceções, até mesmo os mais exaustos e degenerados tentavam correr para brevemente se apoderarem em seus estofados. Era apenas mais um dia qualquer, ou pelo menos o que parecia.
Não era ato de momento e sim algo pré-estabelecido, quando as primeiras ondas começassem a fluir, não teria escolha e teria de seguir o destino. Não eram caminhos tortuosos e mal sabia até onde iria com isso, na verdade de tudo que sabia, apenas queria esquecer.
A rotina não se altera, entretanto essa luz que surgiu em minha fronte, caira como uma tempestade, aos poucos mudando o modo de pensar e explorar os horizontes desconhecidos de minha própria mente. Achei rotas perdidas nos campos da evolução, marcas perdidas de uma civilização em que sempre habitei, apenas sentia a necessidade de voltar as origens, buscar uma missão para um ser como outro qualquer. Não sou mais do que um humano qualquer, não sou menos do que um lobo qualquer, ou qualquer outro ser vivo, éramos todos iguais e um polegar em minhas presas jamais mudaria esse rumo.
Da noite surgiu o breu, encobrindo mentes e responsabilidades e mesmo torcendo contra, as primeiras gotas de chuva começaram a desabar sobre uma selva totalmente desequilibrada. Tudo já conspirava para o momento, a vestimenta apropriada para a ocasião e todos os utensílios em mãos, nada além de um bom guarda-chuva e um confortável chapéu negro. Assim quando soavam os sinos da meia-noite saia pela porta sem imaginar o que viria a acontecer.
Os primeiros passos ainda determinados pelo medo guiavam o caminho, as gotas cada momento mais ardentes escoriam pela aba do chapéu e parecendo explodir no ápice de meu guarda-chuva. Logo algo diferente me preenchera, algo desconhecido, meus passos tomavam rumo, pareciam decididos, tornavam-se cada momento mais apressados até escutar ruídos estranhos numa rua ali por perto.
Agindo sem pensamento, parecia seguir meus ouvidos, sem nunca ignorar todos os meus sentidos pulsantes. Ao virar, um frio percorre minhas entranhas, ao me deparar com uma criatura sendo cruelmente atacada por mais um forasteiro em busca de dinheiro. Sem pensar, logo percorri, com o guarda-chuva sobre minha visão esquerda e me aproximei da situação. Não poderia parar, muito menos articular planos, parecia que algo de mim me guiava e assim já estava  a alguns metros do ser.
Essa energia interna parecia crescer e devorar minha consciência e ao fechar os olhos apenas via o forasteiro caído aos meus pés e a criatura a agradecer. Assim já reestabilizado,  amarrei o ser junto a um poste no mesmo local e ele mesmo em consciência parecia não ter reações, apenas abando a cabeça. Após perguntar o estado da criatura, virei as costas e pedi que ligasse. Voltei pelo mesmo caminho que havia chego, porém parecia leve e sem aquele peso que carregava dentro de mim. Mais alguns passos molhados, a chuva já nem parecia mais incomodar, havia algo de comum entre nós, assim entrava pelo meu domicilio, tirava a roupa molhada e apagava como mais uma segunda-feira numa grande cidade qualquer.

Um comentário:

Gael disse...

Pô, esse texto é bastante antigo, de uns 6 anos atrás... um tanto confuso... um tanto enrolado, mas que fique registrado na eternidade internética pelo tempo que merecer.